terça-feira, 5 de março de 2013

MINISTRO JOAQUIM CAI DO CAVALO

Barbosa, irritado, chama jornalista de ‘palhaço’ e o manda ‘chafurdar no lixo’


5/3/2013 16:46
Por Redação - de Brasília



Barbosa não quis saber o que o repórter perguntaria e encerrou a conversa
Barbosa não quis saber o que o repórter perguntaria e encerrou a conversa

Aos gritos, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, classificou de “palhaço” o jornalista Felipe Recondo, repórter do diário conservador paulistano O Estado de S. Paulo e mandou ele ir “chafurdar no lixo”. O entrevero aconteceu à saída do magistrado de uma reunião do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que ele também preside. Um grupo de jornalistas aguardava a saída do relator da polêmica Ação Penal 470, conhecida como o processo do ‘mensalão’, na tentativa de uma entrevista. Bastou Recondo se dirigir a ele e foi rispidamente interrompido. Após ser destratado em público, o repórter ainda insistiu:

– Presidente, como o senhor está vendo…

Foi o bastante para Barbosa, aos brados, interrompê-lo:

– Não estou vendo nada. Me deixa em paz, rapaz. Vá chafurdar no lixo como você faz sempre.

O jornalista ainda tentou contornar o mau humor do ministro:

– Que é isso ministro, o que houve?

A resposta foi em tom de ameaça:

– Estou pedindo, me deixe em paz. Já disse várias vezes ao senhor…

Ao que o repórter completou:

– Eu tenho que fazer pergunta que é o meu trabalho.

Visivelmente irritado, Barbosa atalhou:

– Eu não tenho nada a lhe dizer, não quero nem saber do que o senhor está tratando.

Enquanto um assessor intervia na cena para encerrar a situação, o presidente da Corte Suprema, pouco já no elevador, classificou o jornalista de “palhaço”.

Ainda que inusitada, a reação do ministro do STF evitou que ele precisasse responder aos jornalistas sobre a nota divulgada pelas três maiores entidades classistas do Judiciário, que reúne os juízes na Associação de Magistrados do Brasil (AMB), a Associação da Justiça Federal (Ajufe) e a Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho (Anamatra). Os colegas de Joaquim Barbosa o criticaram por ele ter dito, em entrevista a jornalistas internacionais, que a magistratura tem mentalidade pró-impunidade, e afirmam que ele vive situação de “isolacionismo” e “parte do pressuposto de ser o único detentor da verdade”.

Em pauta

Na pauta da reunião presidida por Barbosa, no CNJ, entrou em pauta um tema polêmico promete irritar ainda mais os magistrados, que é a contratação de procuradores da Fazenda para auxiliar os gabinetes dos juízes em processos tributários. Como é de praxe, os procuradores pendem mais para o Fisco, o que, segundo a tese de Barbosa, pode causar prejuízos ao contribuinte. Esse tema deve ser regulamentado, hoje, pelo CNJ, sob a Presidência de Barbosa, numa decisão que pode indicar que o juiz que tem representantes da Fazenda em seu gabinete estaria incorrendo em uma infração disciplinar.

Outro ponto de tensão entre Barbosa e os magistrados é o novo projeto para o Estatuto da Magistratura que ele pretende encaminhar ao Congresso. Segundo as associações, elas sequer foram chamadas a discutir as novas regras que valerão para toda a categoria. Na sexta-feira, Barbosa criou uma comissão interna no STF com o objetivo de detalhar o novo estatuto. Os juízes reclamam que o presidente do STF e do CNJ não apenas decide sem ouvir a base como evita qualquer reunião com os presidentes da AMB, da Ajufe e da Anamatra.

Os assesssores de imprensa do Presidência do STF apressaram-se em informar que Barbosa não irá responder à nota em que as entidades acusaram-no de isolamento. Segundo assessores do ministro, Barbosa tem sido coerente com seus discursos. No primeiro deles, que pronunciou no dia da posse na Presidência do STF, em novembro, Barbosa afirmou que se gastam “bilhões para o bom funcionamento da máquina judiciária, mas o Judiciário que aspiramos a ter é sem firulas, floreios ou rapapés”. No segundo discurso, durante a abertura do Ano Judiciário, em fevereiro, Barbosa afirmou que um de seus grandes desafios “é consolidar um Judiciário neutro, alheio a práticas estruturais e injustas”.

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