Introdução à Sociologia
O resultado social e político da Revolução Francesa foi a instalação do caos urbano, a anarquia política e a desorganização social. O ideal de Liberdade e igualdade foi um fiasco. O fato chamou a atenção dos pensadores Tocqueville, Durkeim, Saint-Simon e Comte que elaboraram uma nova ordem social.
Os pensadores da época queriam estabelecer o equilíbrio na sociedade porque a industrialização desagregou a família e provocou o êxodo rural. Foi então, que Comte lançou a sua Teoria Social de inspiração positivista, separada da filosofia negativa e da economia política. Entretanto, não coloca em questão os fundamentos socialistas e nem dá um resultado para as questões práticas, das lutas sociais já iniciadas pelos socialistas.
O caos, a anarquia e a desorganização que surgiram logo após a Revolução Francesa, incentivaram os conservadores a exigirem a volta do regime feudal. Enquanto alguns sociólogos defendiam a manutenção da causa revolucionária com o tema iluminista da igualdade e liberdade, os conservadores, denominados de “os profetas do passado”, queriam o retorno da autoridade patriarcal, da hierarquia e da religião. Os conservadores condenavam a modernidade provocada pela economia industrial, o urbanismo e a Revolução. Eles desejavam a ordem, a estabilidade e a coesão social.
Parte da reivindicação conservadora torna-se ponto de referência aos pioneiros da sociologia, estes sim, interessados na preservação da nova ordem econômica e política. Estes pioneiros da sociologia adotaram alguns pontos de vista dos profetas do passado adaptando-os às novas circunstâncias. Segundo eles (os sociólogos), não seria possível retornar ao velho feudalismo com suas instituições. Apesar de reacionárias, algumas idéias conservadoras foram aproveitadas: a disposição e luta pela devoção dedicada à manutenção da ordem e seus estudos em questão.
A partir de então a ciência desempenha a função de conservador social, a mesma da religião no feudalismo. Os cientistas estabeleceriam as verdades que deveriam ser aceitas por todos os homens. O cientista ocuparia o papel do clero, do feudalismo. Já os comerciantes, os fabricantes e os banqueiros substituiriam os senhores feudais. Essa nova elite passaria a ocupar posição de mando frente aos trabalhadores.
A sociologia deveria, então descobrir as leis do progresso e do desenvolvimento, descobrir novas formas para guiar a conduta da classe trabalhadora e seus possíveis ímpetos revolucionários.
Auguste Comte, conclui que as idéias religiosas não teriam forças para superar a crise, tão pouco os ideais iluministas teriam êxito. Desta forma, deveria haver uma reorganização social, uma nova maneira de conhecer a realidade. Ele queria uma forma filosófica POSITIVA para contrapor a era NEGATIVA dos iluministas, que só criticavam e nada organizavam.
Surgiu, então, a Física Social dizendo que a sociologia deveria utilizar em suas investigações os mesmos procedimentos das ciências naturais, tais como a observação, a experimentação, a comparação, etc.
O ponto alto da sociologia de Comte foi estabelecer a reconciliação entre a ordem e o progresso, necessários para a nova sociedade. Ele entendeu que o conservador cometeu equívoco ao desejar a restauração do velho regime feudal. Eles queriam a ordem em detrimento do progresso. Já os revolucionários desejavam o progresso em detrimento da ordem.
Emile Durkheim, surge acompanhando o pensamento positivista de Comte e discordava dos socialistas que já realizavam manifestações contra o capitalismo. Para ele, os problemas sociais não eram de natureza econômica como pensavam os socialistas, mas sim, de natureza moral na orientação do comportamento dos indivíduos e a ciência poderia ser o veículo para a solução. Para ele, o aspecto da divisão do trabalho unia os profissionais especializados aos dependentes, conseqüentemente, aconteceria o aumento da produtividade. Essa divisão de trabalho deveria provocar relação de cooperação e solidariedade entre os homens.
Na sua opinião, a sociedade estava doente pelo fato de as transformações econômicas terem ocorridos de maneira rápida. A agora seria pertinente estabelecer um novo e eficiente conjunto de idéias morais para guiar o comportamento dos homens.
Durkheim defendia a idéia de que o direito, os costumes, as crenças religiosas, o sistema financeiro, foram criados por gerações passadas e transmitidas pelo processo de educação. Por isso, o nosso comportamento é coercitivo.
Desta forma, para tratar da saúde da sociedade doente seria necessário, novos hábitos ao comportamento dos homens. Deveriam incentivar a moderação dos interesses econômicos, a noção de disciplina e de dever, difundir o culto à sociedade, às suas leis e à hierarquia existente, para manter o poder vigente.
A conclusão é que o positivismo preocupou-se com a manutenção e preservação da ordem capitalista.
Surge, entretanto, o pensamento socialista com a crítica radical aos positivistas com o aparecimento da nova classe revolucionária: o proletariado. Marx e Engels foram influenciados pela dialética de Hegel. Eles entenderam que a sociedade encontrava-se em contínua transformação e que o motor da história eram os conflitos e as posições das classes sociais.
Desta forma surge o materialismo dialético e o materialismo histórico cujo estudo da sociedade deveria ser com base material. Deveria investigar qualquer fenômeno social e partir da estrutura econômica: base da história humana.
A teoria social marxista uniu a política à filosofia, à economia e estabeleceu ligação entre a teoria e a prática, ciência e interesse de classe.
Para eles, é no terreno da prática que se deve demonstrar a verdade da teoria. Desta forma, o conhecimento da realidade social deve se converter em instrumento político com objetivo de orientar os grupos e as classes sociais para a transformação da sociedade.
A burguesia não conseguiu manter o seu projeto de igualdade e fraternidade, e deixaram de ser liberal, para ser um conservador da situação por eles criada, se utilizando de forças repressivas para manter a ordem.
Aconteceu, então, o desmoronamento da civilização capitalista com o aparecimento de grandes empresas monopolizando produtos e mercados; a eclosão de guerras entre as grandes potências mundiais; os movimentos políticos e operários e a revolução socialista em diversos países abalaram a crença da perfeição da civilização capitalista.
Desta forma, a ordem estabelecida fez com que o conhecimento científico fosse submetido aos interesses dela.
A sociologia passou a ser utilizada como técnica de manutenção das relações dominantes e desenvolve seu trabalho em complexas organizações privadas ou estatais. Os sociólogos não mais produziam conhecimento crítico, uma autonomia crítica, e uma criatividade intelectual. Começa, então, a manutenção das relações de dominação em forma de absorção dos sociólogos modernos. O resultado disso é a Burocratização, o Direito, a Economia e a Contabilidade, sendo utilizados como instrumentos pela ordem estabelecida.
Surge a pesquisa de campo, período rico da sociologia. Houve a preocupação de investigar os aspectos sociais da vida dos chamados povos primitivos. O suicídio mereceu novos estudos. Descobriram a memória social onde procuraram evidências em que diversos grupos sociais, como a família e os grupos religiosos, o indivíduo, não seria capaz de reconstruir o seu passado.
As três primeiras décadas do Século XX, proporcionaram o firmamento das ciências sociais e a sociologia permanece como carro chefe. Em Chicago evidenciaram estudos de novos estilos de vida que surgiram na urbanização provocando vários problemas sociais e desorganização social.
A sociologia, a partir dos anos 50, seria arrastada, envolvida na luta pela contenção da expansão do socialismo, pela neutralização dos movimentos de libertação das nações subjugadas.
Os trabalhos sobre relação social em questões urbanas, sobre a família, pequenos grupos americanos, deu origem ao retorno, da visão POSITIVISTA agora denominado de NEUTROS e OBJETIVOS. Foi George Lundberg que pregou “a tese positivista em considerar a sociologia como ciência natural, pois era possível estudar o ninho de abelha
Desta forma a sociologia firma como ciência de uma prática conservadora, motivada pela capacidade de resolver os “problemas sociais” da sociedade capitalista e protegê-la.
Surge, então, o sociólogo profissional, melancólica atividade de correção da ordem ao adotar atitude científica “neutra” e “objetiva”. A sociologia foi institucionalizada e o sociólogo transformado em um técnico, um profissional como outro qualquer.
A profissionalização da sociologia possibilitou o surgimento da classe média intelectualizada em ascensão social. O sociólogo passou a ser um assalariado intelectual e a domesticação do seu trabalho tomou o rumo de postura conservadora.
Finalmente, o autor conclui que o sociólogo e a sociologia ficaram reféns do poder dominante capitalista. Desta forma, a sociologia deve livrar-se destas amarras para tornar-se um instrumento de transformação social justa e igualitária.
Entendemos, entretanto, que a sociologia deve rever seus conceitos e valores sociais modernos, aperfeiçoando seus métodos científicos favorecendo a massa trabalhadora igualitária e justamente.
RESUMO DO LIVRO: O QUE É SOCIOLOGIA
AUTOR: CARLOS BENEDITO MARTINS
EDITORA BRASILIENSE
COLEÇÃO 57 - PRIMEIROS PASSOS
Gilberto Pessoa & Ivana Escossia
Rio de Janeiro, 13 de junho de 2011
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