FICHAS
SUJAS NOMEADOS
Célio
Junger Vidaurre
Lamentavelmente,
parece que a população brasileira terá que conviver por longo tempo com esses
políticos que foram condenados por falcatruas, diversificadas, que respiram
através de recursos nos tribunais, ora no Superior Tribunal de Justiça, ora no
Supremo Tribunal Federal. A lei que veio para impedir que os ladrões do erário
fossem afastados, ainda não teve bons resultados, vez que, até hoje somente 3
pessoas em 16 Estados foram atingidas com punições, duas de São Paulo e outra
de Santa Catarina. Mais ninguém.
A
chamada Lei da Ficha Limpa aprovada no Congresso em 2010 foi anunciada como
medida de moralização da política na área pública, mas, jamais teve efeito
prático desde sua publicação. As interpretações de cada Estado estão levando os
condenados a praticarem uma verdadeira balbúrdia no Judiciário, pois, é público
e notório que não é possível ninguém ser privado de nada enquanto o processo não
esteja transitado em julgado. Aí é que o negócio deixa os condenados por
colegiados respirando, candidatando-se e sendo nomeados para importantes cargos
públicos. Com esses Judiciários cheios de processos empacados não se sabe
quando, realmente, veremos um político ladrão ser preso.
O
caso do mensalão é totalmente diferente. Ali houve uma CPI específica e a turma
que abusou do poder que era detentor, ficou exposta àquele ridículo nos meios
de comunicação e chegou-se ao fim contentamente. Até o poderoso José Dirceu foi
para a cadeia. O pato da história foi mesmo o operador da trama, Marcos
Valério, que pegou 40 anos atrás das grades e parece que não vai falar nada
contra ninguém. Será que por medo, precaução ou covardia?
Na
lista de inelegíveis, apresentada pelo Tribunal de Contas do Estado do Rio de
Janeiro – TCE existem 500 gestores públicos e políticos com contas reprovadas.
Mesmo assim, os caras são mantidos nos cargos, nomeados para outros e
candidatam-se aos mandatos eletivos sem nada acontecer. O ex-prefeito de
Paraíba do Sul, Rogério Onofre, teve suas contas reprovadas pelo colegiado do
TCE e está há anos presidindo o Departamento Estadual de Transportes Rodoviário
do Rio (DETRO). Essa distorção administrativa deve-se, principalmente, pela
apatia dessa classe política corrupta que assola o País. Todos sabem e muito
bem, que a população não aprova essas incoerências lamentáveis.
No
mais, a lentidão do sistema Judiciário vem oferecendo vantagens a tantos
corruptos que, quando são mantidos agentes públicos em funções depois de
comprovadas às irregularidades cometidas, muita gente fica estarrecida.
Todavia, só mesmo quando os casos chegarem ao fim nos tribunais superiores é
que se pode esperar por alguma coisa. É quando as figuras, às vezes, já abandonaram
a política e, de outra feita, já até morreram antes dos julgamentos dos seus
processos.
Incrível
mesmo é que no Estado do Rio de Janeiro a lei só começou a ser exigida para
nomeações que foram realizadas posteriormente a janeiro de 2012, quando a lei
da ficha limpa entrou em vigor por aqui, ou seja, tudo que fizeram antes dessa
data, não teve efeito negativo para os ladrões do erário. Roubaram, roubaram e
ficaram livres. Pior, continuarão candidatos nos próximos pleitos ou, então,
ficarão com alguma “boquinha” no
governo que participaram da campanha.
Haja paciência para suportar essa gente!
Célio Junger Vidaurre é advogado e
cronista político e-mail: celiovidaurre@yahoo.com
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