domingo, 26 de janeiro de 2014

ARTIGO CÉLIO JUNGER


FICHAS  SUJAS  NOMEADOS

                                      Célio Junger Vidaurre

 

            Lamentavelmente, parece que a população brasileira terá que conviver por longo tempo com esses políticos que foram condenados por falcatruas, diversificadas, que respiram através de recursos nos tribunais, ora no Superior Tribunal de Justiça, ora no Supremo Tribunal Federal. A lei que veio para impedir que os ladrões do erário fossem afastados, ainda não teve bons resultados, vez que, até hoje somente 3 pessoas em 16 Estados foram atingidas com punições, duas de São Paulo e outra de Santa Catarina. Mais ninguém.

            A chamada Lei da Ficha Limpa aprovada no Congresso em 2010 foi anunciada como medida de moralização da política na área pública, mas, jamais teve efeito prático desde sua publicação. As interpretações de cada Estado estão levando os condenados a praticarem uma verdadeira balbúrdia no Judiciário, pois, é público e notório que não é possível ninguém ser privado de nada enquanto o processo não esteja transitado em julgado. Aí é que o negócio deixa os condenados por colegiados respirando, candidatando-se e sendo nomeados para importantes cargos públicos. Com esses Judiciários cheios de processos empacados não se sabe quando, realmente, veremos um político ladrão ser preso.

            O caso do mensalão é totalmente diferente. Ali houve uma CPI específica e a turma que abusou do poder que era detentor, ficou exposta àquele ridículo nos meios de comunicação e chegou-se ao fim contentamente. Até o poderoso José Dirceu foi para a cadeia. O pato da história foi mesmo o operador da trama, Marcos Valério, que pegou 40 anos atrás das grades e parece que não vai falar nada contra ninguém. Será que por medo, precaução ou covardia?

            Na lista de inelegíveis, apresentada pelo Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro – TCE existem 500 gestores públicos e políticos com contas reprovadas. Mesmo assim, os caras são mantidos nos cargos, nomeados para outros e candidatam-se aos mandatos eletivos sem nada acontecer. O ex-prefeito de Paraíba do Sul, Rogério Onofre, teve suas contas reprovadas pelo colegiado do TCE e está há anos presidindo o Departamento Estadual de Transportes Rodoviário do Rio (DETRO). Essa distorção administrativa deve-se, principalmente, pela apatia dessa classe política corrupta que assola o País. Todos sabem e muito bem, que a população não aprova essas incoerências lamentáveis.

            No mais, a lentidão do sistema Judiciário vem oferecendo vantagens a tantos corruptos que, quando são mantidos agentes públicos em funções depois de comprovadas às irregularidades cometidas, muita gente fica estarrecida. Todavia, só mesmo quando os casos chegarem ao fim nos tribunais superiores é que se pode esperar por alguma coisa. É quando as figuras, às vezes, já abandonaram a política e, de outra feita, já até morreram antes dos julgamentos dos seus processos.

            Incrível mesmo é que no Estado do Rio de Janeiro a lei só começou a ser exigida para nomeações que foram realizadas posteriormente a janeiro de 2012, quando a lei da ficha limpa entrou em vigor por aqui, ou seja, tudo que fizeram antes dessa data, não teve efeito negativo para os ladrões do erário. Roubaram, roubaram e ficaram livres. Pior, continuarão candidatos nos próximos pleitos ou, então, ficarão com alguma “boquinha” no governo que participaram da campanha.

            Haja paciência para suportar essa gente! 

 

            Célio Junger Vidaurre é advogado e cronista político e-mail: celiovidaurre@yahoo.com

             

0 comentários:

Share

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More