Execução da punição a réus pode ficar nas mãos do STF
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FELIPE SELIGMAN
MÁRCIO FALCÃO
DE BRASÍLIA
A execução das penas dos condenados no julgamento do mensalão pode ser feita pelo presidente do Supremo Tribunal Federal e relator do caso, Joaquim Barbosa, em vez de ser enviada para juízes da primeira instância.MÁRCIO FALCÃO
DE BRASÍLIA
Nos bastidores do STF, essa tese ganha força e foi apresentada aos colegas pelo decano da corte, Celso de Mello.
A ideia inicial, já manifestada por Barbosa em entrevistas, era que os juízes nos Estados ficassem com a tarefa de determinar onde as penas serão cumpridas e quem teria direito a eventuais benefícios, como a progressão de um regime fechado para um semiaberto.
Alguns ministros entendem que delegar essa função tiraria um trabalho extra do tribunal, que já ficou metade do ano de 2012 se dedicando quase que exclusivamente à análise do mensalão.
Além disso, os magistrados especializados em execução penal conhecem a realidade e especificidades dos locais onde os condenados cumprirão suas penas.
O problema é o que determina o artigo 21 do regimento do STF.
O texto diz que cabe ao ministro relator "executar e fazer cumprir os seus despachos, suas decisões monocráticas, suas ordens e seus acórdãos transitados em julgado".
Esse artigo até permite delegar atribuições a um juiz de primeira instância, mas também de forma clara limita essa terceirização "para a prática de atos processuais não decisórios a outros tribunais e a juízos de primeiro grau de jurisdição".
Ou seja, o STF pode até delegar alguns atos, mas as principais decisões (locais, progressão de regime etc.), continuariam tendo de ser tomadas pelo relator.
Integrantes do Supremo ouvidos pela Folha disseram, no entanto, que a medida não representaria um acúmulo de trabalho para Barbosa, que conta com uma equipe de juízes auxiliares.
Parte dos ministros argumenta que seria melhor o Supremo tomar conta para uniformizar a aplicação das condenações.
Barbosa se mostrou rigoroso na análise do caso, o que leva colegas a especular que ele manteria esse estilo caso fique com a atarefa de executar as punições. Já a postura de juízes estaduais é incerta.
O ministro Marco Aurélio Mello avalia que o Supremo terá problemas para executar as penas. "Pode ficar com o Supremo ou na primeira instância, mas é um pouco complicado porque os réus estão em domicilio diverso."
A decisão sobre o controle das penas pode ser tomada individualmente ou ser submetida ao plenário.
A medida terá efeito para os 25 réus que foram condenados no julgamento.
O caso está na reta final. Os ministros ainda precisam definir se haverá perda dos mandatos dos três deputados condenados e se os crimes do esquema tinham um único propósito, o que pode diminuir o tempo das penas.
PRISÃO
Ontem, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que faz a acusação no processo do mensalão, voltou a defender a prisão imediata dos réus. Ele deve reforçar o pedido nesta semana.
Caso as prisões não ocorram agora, disse Gurgel, os condenados podem acabar sendo presos só em 2014 devido aos recursos.
Veja as penas fixadas pelos ministros
Condenado | Perfil | Crimes | Pena total | Multa | |
---|---|---|---|---|---|
Núcleo Polítco | José Dirceu | Ex-ministro da Casa Civil, considerado o "chefe da organização criminosa" | Corrupção ativa e formação de quadrilha | 10 anos e 10 meses de prisão | R$ 676 mil |
Delúbio Soares | Ex-tesoureiro do PT | Corrupção ativa e formação de quadrilha | 8 anos e 11 meses de prisão | R$ 320 mil | |
José Genoino | Ex-presidente do PT | Corrupção ativa e formação de quadrilha | 6 anos e 11 meses de prisão | R$ 468 mil | |
Núcleo Operacional | Marcos Valério | Considerado o "operador do esquema", ex-sócio das agências SMP&B e DNA propaganda | Formação de quadrilha, corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro e evasão de divisas | 40 anos, 1 mês e 6 dias de prisão | R$ 2,78 milhão |
Cristiano Paz | Ex-sócio de Marcos Valério | Formação de quadrilha, corrupção ativa, peculato e lavagem de dinheiro | 25 anos, 11 meses e 20 dias de prisão | R$ 2,5 milhão | |
Ramon Hollerbach | Ex-sócio de Marcos Valério | Evasão de divisas, corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro e formação de quadriha | 29 anos, 7 meses e 20 dias de prisão | R$ 2,78 milhão | |
Simone Vasconcelos | Ex-funcionária de Marcos Valério | Formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e evasão de divisas | 12 anos, sete meses e 20 dias de prisão | R$ 374 mil | |
Rogério Tolentino | Advogado e ex-sócio oculto de Valério | Formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro | 8 anos e 11 meses de prisão | R$ 312 mil | |
Núcleo Financeiro | Kátia Rabello | Dona do Banco Rural | Formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta de instituição financeira e evasão de divisas | 16 anos e 8 meses de prisão | R$ 1,5 milhão |
Vinícius Samarane | Ex-vice-presidente do Banco Rural | Lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta de instituição financeira | 8 anos, 9 meses e 10 dias de prisão | R$ 598 mil | |
José Roberto Salgado | Ex-vice-presidente do Banco Rural | Formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta de instituição financeira e evasão de divisas | 16 anos e 8 meses de prisão | R$ 926 mil | |
Outros réus | Henrique Pizzolato | Ex-diretor de marketing do Banco do Brasil | Peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro | 12 anos e 7 meses de prisão | 1,272 milhão |
Carlos Rodrigues | Ex-deputado pelo extinto PL (atual PR) pelo RJ e líder da bancada evangélica na Câmara | Corrupção passiva e lavagem de dinheiro | 6 anos e 3 meses de prisão | R$ 696 mil | |
Valdemar Costa Neto | Deputado (SP) e líder do PR | Corrupção passiva e lavagem de dinheiro | 7 anos e 10 meses de prisão | R$ 1.080 milhão | |
Breno Fischberg | Sócio da corretora Bônus Banval | Lavagem de dinheiro | 5 anos e 10 meses de prisão | R$ 528 mil | |
Enivaldo Quadrado | Sócio da corretora Bônus Banval | Formação de quadrilha e lavagem de dinheiro | 5 anos e 9 meses de prisão | R$ 528 mil | |
João Cláudio Genu | Ex-assessor do PP | Formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e corrupção passiva | 7 anos e 3 meses de prisão | R$ 480 mil | |
Jacinto Lamas | Ex-tesoureiro do PR | Formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e corrupção passiva | 5 ano de prisão | R$ 240 mil | |
Romeu Queiroz | Ex-deputado pelo PTB-MG | Lavagem de dinheiro e corrupção passiva | 6 anos e 6 meses de prisão | R$ 858 mil | |
Pedro Henry | Ex-deputado do PP-MT | Lavagem de dinheiro e corrupção passiva | 7 anos e 2 meses de prisão | R$ 962 mil | |
Pedro Correa | Ex-deputado (PE) e líder do PP | Formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e corrupção passiva | 9 anos e 5 meses de prisão | R$ 1,132 milhão | |
José Borba | Ex-deputado pelo PMDB-PR, atual prefeito de Jandaia do Sul (PR) | Corrupção passiva | 2 anos e 6 meses de prisão | R$ 390 mil | |
João Paulo Cunha | Deputado (PT-SP) | Corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro | 9 anos e 4 meses de prisão | R$ 260 mil | |
Roberto Jefferson | Ex-deputado (RJ) e presidente do PTB | Corrupção passiva e lavagem de dinheiro | 7 anos e 14 dias de prisão | R$ 720,8mil | |
Emerson Palmieri | Ex-tesoureiro do PTB | Corrupção passiva e lavagem de dinheiro | 4 anos de prisão | R$ 228 mil |
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