Calvário
Sangra estômago,arranha tuas paredes
E provoca essa fome constante
Pois assim mostrarás ao mundo
O protesto de um faminto brasileiro!
Cái trevas da noite Ilumina-te cidade bói-fria
E assim mostrarás aos homens
As revoltas e seqüestros!
Arde na garganta cachaça fácil
E distancia cada vez mais
A comida operária sacrificada.
Cai claridão solar ardente,
E abriga cidade, sob teus tetos
Uma maioria assalariada,
Explorada e assaltada!
Cai chuva, tempestade, trovão
Mas por favor, deixa de pé
Os barracos das favelas e palafitas.
Espanta trovoada com teu poder,
Os abutres e ratos dirigentes da sociedade.
Vem até nós criador, se existires
E extingue os monarcas caudilhos,
Os pivetes, os famintos...
Sou Gilberto,
Nasci em Belém,
Não quero e nem serei crucificado
Posto que o mundo inteiro já está no Calvário.
Gilberto Pessoa - Rio, 16/01/80
Do livro POEMIGRAÇÃO
Fonte: http://pt.shvoong.com/books/poetry/1758665-poemigra%C3%A7%C3%A3o/#ixzz233AchrgU
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