terça-feira, 9 de outubro de 2012

BANCADA EVANGÉLICA EM ALTA NO RIO

Suspeita de tentativa de homicídio, vereadora eleita ganha vaga na Alerj

Bancada evangélica se fortalece, e candidatos do setor de segurança são rejeitados

Luiz Ernesto Magalhães
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Mãe Loura . Apesar de eleita vereadora, Verônica Costa vai para Alerj na vaga do deputado Miguel Jeovanini (PR)
Foto: Divulgação
Mãe Loura . Apesar de eleita vereadora, Verônica Costa vai para Alerj na vaga do deputado Miguel Jeovanini (PR)Divulgação
RIO - Suspeita de tentativa de homicídio e tortura contra o ex-marido, a empresária do funk Verônica Costa (PMDB), que não conseguiu se reeleger vereadora em 2008, terminou a noite com dois mandatos para escolher o que pretende exercer. Eleita para a Câmara do Rio, ela também terá direito a um assento na Assembleia Legislativa (Alerj) a partir de 2013. A empresária é suplente de Miguel Jeovani (PR), que venceu a eleição em Araruama. Mãe Loura, como também é conhecida, anunciou nesta segunda-feira que abrirá mão dos quatro anos no Palácio Pedro Ernesto, na Cinelândia, e ficará dois anos na Alerj, na Praça Quinze.

Eleita para o Legislativo no Rio, com 31.515 votos, Mãe Loura foi a nona colocada entre os candidatos e disse esperar provar pela “justiça dos homens” que as acusações contra ela são falsas e que é vítima de uma farsa. Na sua opinião, o mais importante foi o reconhecimento do eleitorado:
— A votação que tive prova que já fui absolvida por um júri popular: todos os que votaram em mim. Vou optar pela Alerj porque tenho um trabalho importante na prevenção às drogas e no encaminhamento de jovens para o primeiro emprego. Como deputada poderei atuar em todo o estado e não apenas na cidade do Rio de Janeiro — disse Verônica.
Ela também é personagem de mais duas danças das cadeiras na Câmara de Vereadores. Namorado de Verônica, o vereador Jorge Pereira (PTdoB) teve problemas no registro na Justiça Eleitoral e apoiou o irmão Joel Pereira responsável por seus centros sociais.
Mas a família Pereira, com base eleitoral na Ilha do Governador, foi dividida para as urnas. Quem acabou sendo eleito foi o filho Jimmy Pereira (PRTB), que teve apoio da deputada Graça Pereira (PSD), ex-mulher de Jorge Pereira. A saída de Verônica da Câmara abre caminho para a sua suplente, a pastora Márcia Teixeira, esposa de Ezequiel Texeira, um dos líderes da Igreja Vida Nova.
Bancada dos evangélicos em alta
A bancada ligada a correntes religiosas ganhará força a partir de 2013. Nesse segmento, o maior número de cadeiras do Legislativo municipal ficou com candidatos ligados às igrejas pentecostais. Entre eles, Alexandre Isquierdo (PMDB), apoiado pelo pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, conseguiu 33.356 votos. Em seguida, aparecem João Mendes de Jesus e Tânia Bastos, ambos do PRB, apoiados pelo ministro da Pesca, Marcelo Crivella, ligado à Igreja Universal do Reino de Deus. Já o médico Jorge Manaia (PDT) teve como cabo eleitoral o missionário R. R. Soares, líder da Igreja Internacional da Graça de Deus. A bancada conta ainda com Jorge Braz (PMDB), partido do ex-governador Anthony Garotinho.
Enquanto os evangélicos aumentaram em dois o número de cadeiras na Casa, os candidatos ligados à Igreja Católica perderam espaço, com a saída de Argemiro Pimentel (PT), que optou por se candidatar a prefeito em sua terra natal, Machados, em Pernambuco. Com isso, restou no Legislativo municipal Reimont Santa Bárbara (PT), que garantiu a reeleição com 18.040 votos. A bancada religiosa também conta com Átila A. Nunes, representante das religiões afro-brasileiras, que teve 13.252 votos.
Enquanto a bancada religiosa cresceu, uma categoria perdeu espaço na Câmara do Rio. Apesar do grande número de candidatos que disputavam um dos 51 assentos da Casa, integrantes das polícias Civil e Militar ficaram de fora da próxima legislatura. Nem mesmo o delegado Fernando Moraes (PMDB) conseguiu votos suficientes para garantir à reeleição. Se em todo o estado, 563 integrantes das forças de segurança tiraram licença remunerada de suas funções para concorrer nas eleições, na capital esse número ficou em 284, sendo 158 policiais militares, 84 bombeiros e 42 policiais civis.
Um batalhão de candidatos que acabou rejeitado pelos eleitores nas urnas. Entre os nomes mais conhecidos figuravam os delegados Marcelo Itagiba (PSDB). O ex-secretário de Segurança de Rosinha Garotinho, que já foi deputado federal, não conseguiu se eleger.
Além dele, também não conquistaram votos suficientes para ocupar uma cadeira na Câmara Municipal: a ex-deputada federal e inspetora de Polícia Civil Marina Maggessi (PSB); a delegada Monique Vidal (PSL); os delegados Alan Luxardo (PP) e Paulo Souto (PR); o coronel PM Paulo Paul (DEM); o major PM Sandro do Nascimento, o Nana (PSD); e o sargento PM Márcio Alexandre Alves (PMDB), que, em abril do ano passado, baleou Wellington Menezes de Oliveira, responsável pelas mortes de 12 crianças na Escola Tasso da Silveira, em Realengo.
A única exceção da tropa de candidatos da área de segurança ficou por conta do major bombeiro Márcio Garcia (PR), integrante do movimento S.O.S Bombeiros, que conseguiu garantir uma vaga no Legislativo municipal com 13.740 votos.
Para a delegada Monique Vidal, que teve 3.519 votos, o grande número de candidatos oriundos da área de segurança acabou pulverizando a votação:
— Apesar de não ter sido eleita, prefiro não ficar reclamando. Sei que conquistei os votos de 3,5 mil pessoas que acreditaram nas minhas propostas e no meu trabalho de 14 anos como delegada de Polícia Civil.
O presidente da Associação de Ativos e Inativos da PM e do Corpo de Bombeiros, Miguel Cordeiro, concorda com a opinião da delegada sobre a pulverização causada pelo grande número de candidatos das polícias. Cordeiro, que em 2008 foi candidato a vereador em Niterói, defende mudanças.
— A lei permite que o servidor se desincompatibilize, sem perder o salário por três meses. Com isso, muitos se licenciam, mas, efetivamente, não fazem campanha. O que acaba prejudicando a categoria, que tem o voto pulverizado e perde representatividade — acredita.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/pais/suspeita-de-tentativa-de-homicidio-vereadora-eleita-ganha-vaga-na-alerj-6342996#ixzz28qSoskXW
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