A LEITURA DAS RUAS
Os acontecimentos que marcam a história do Brasil em antes de
depois de junho de 2013, têm origem na sucessão, seculares, de erros
governamentais. Antes conhecido como o “gigante adormecido”, o país, agora -
depois do cochilo -, não quer mais
dormir no berço esplêndido chicaneado pelos Lewandowskis e mensaleiros da vida.
Algo precisava ser feito para mudar a situação. Deveria ser uma revolução mas
que não houvessem mortes e atrocidades, como é comum nos casos.
“- Desculpe o transtorno. Estamos mudando o Brasil”.
Esta frase, encontrei nas mãos de uma jovem durante uma das
manifestações no Rio de Janeiro. A mensagem estava escrita em uma cartolina
branca. Era o início do despertar do gigante adormecido. Horas antes havia
iniciado a revolta na capital paulista contra o aumento da tarifa dos ônibus.
No momento senti um impacto e pensei imediatamente nos
operários que regularmente encontramos nos canteiros de obras públicas cujos
tapumes encontramos a inscrição: “Desculpe o transtorno, estamos em obras”. A
analogia seguinte foi mais estarrecedora: - Como estes jovens vão mudar este
país, que obras estão fazendo...? Na realidade não os levei a sérios e nem os
demais outros que impunham outros cartazes exigindo o fim dos partidos, fim da
PEC 47.....
Com o passar dos dias a mídia criticava mais os “vândalos”, “baderneiros”
e “criminosos”, do que a legitimidade e apoio da população às manifestações.
Não deu outra, a imprensa virou alvo. Ela, (a imprensa), acostumada a ser juiz
social e moral, errou na leitura e interpretação da mensagem. Tal como a
imprensa, todos os políticos, sociólogos, antropólogos e cientistas sociais. E
continuam errando até agora.
Prova disto é que nada mudou. Eles querem entender a mensagem
da rua praticando velhas atitudes de gabinetes. Quando chamam o povo para
conversar mostram que a resposta e o resultado já estavam prontos. Eles querem
a continuidade porque não conhecem o alfabeto do povo.
Entendo que, enquanto não acontecer a mudança radical tal
como exigido nas ruas, os grupos, ditos por eles de radicais, continuaram o
quebra-quebra, e com razão e legitimidade.
Falo em legitimidade
porque no Nordeste o governador de um estado gasta milhões de reais por mês
para comer caviar com os amigos. Este mesmo governador leva a mulher e sogra
para passear no exterior coma verba do estado. No Rio de Janeiro, outro
governador leva para a casa de veraneio, pasmem!, o cachorro, a empregada e as
crianças de helicóptero com gastos estaduais. Senadores e deputados viajam de
suas regiões para assistirem o jogo da seleção brasileira no Maracanã,
acompanhados de amigos e familiares gastando verbas do estado.
A conclusão é fácil. Nós que andamos de ônibus, necessitamos
de medicamentos em postos de saúde e escolas para nossos filhos, sofremos
porque eles não conhecem isto. Este fel diário eles não bebem.
Encontramos as estradas esburacadas e pedágios altíssimos
enquanto eles estão, literalmente, nos ares.
Desta forma todos eles nunca entenderão as mensagens das ruas
escritas em cartolinas. Sempre chamarão de baderneiros, vândalos e criminosos
quem legitimamente exigir mudanças.
GILBERTO PESSOA, em 18/08/2013 às 21:24h
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