domingo, 18 de agosto de 2013

A LEITURA DAS RUAS


A LEITURA DAS RUAS

Os acontecimentos que marcam a história do Brasil em antes de depois de junho de 2013, têm origem na sucessão, seculares, de erros governamentais. Antes conhecido como o “gigante adormecido”, o país, agora - depois do cochilo -,  não quer mais dormir no berço esplêndido chicaneado pelos Lewandowskis e mensaleiros da vida. Algo precisava ser feito para mudar a situação. Deveria ser uma revolução mas que não houvessem mortes e atrocidades, como é comum nos casos.

“- Desculpe o transtorno. Estamos mudando o Brasil”.

Esta frase, encontrei nas mãos de uma jovem durante uma das manifestações no Rio de Janeiro. A mensagem estava escrita em uma cartolina branca. Era o início do despertar do gigante adormecido. Horas antes havia iniciado a revolta na capital paulista contra o aumento da tarifa dos ônibus.

No momento senti um impacto e pensei imediatamente nos operários que regularmente encontramos nos canteiros de obras públicas cujos tapumes encontramos a inscrição: “Desculpe o transtorno, estamos em obras”. A analogia seguinte foi mais estarrecedora: - Como estes jovens vão mudar este país, que obras estão fazendo...? Na realidade não os levei a sérios e nem os demais outros que impunham outros cartazes exigindo o fim dos partidos, fim da PEC 47.....

Com o passar dos dias a mídia criticava mais os “vândalos”, “baderneiros” e “criminosos”, do que a legitimidade e apoio da população às manifestações. Não deu outra, a imprensa virou alvo. Ela, (a imprensa), acostumada a ser juiz social e moral, errou na leitura e interpretação da mensagem. Tal como a imprensa, todos os políticos, sociólogos, antropólogos e cientistas sociais. E continuam errando até agora.

Prova disto é que nada mudou. Eles querem entender a mensagem da rua praticando velhas atitudes de gabinetes. Quando chamam o povo para conversar mostram que a resposta e o resultado já estavam prontos. Eles querem a continuidade porque não conhecem o alfabeto do povo.

Entendo que, enquanto não acontecer a mudança radical tal como exigido nas ruas, os grupos, ditos por eles de radicais, continuaram o quebra-quebra, e com razão e legitimidade.

 Falo em legitimidade porque no Nordeste o governador de um estado gasta milhões de reais por mês para comer caviar com os amigos. Este mesmo governador leva a mulher e sogra para passear no exterior coma verba do estado. No Rio de Janeiro, outro governador leva para a casa de veraneio, pasmem!, o cachorro, a empregada e as crianças de helicóptero com gastos estaduais. Senadores e deputados viajam de suas regiões para assistirem o jogo da seleção brasileira no Maracanã, acompanhados de amigos e familiares gastando verbas do estado.

A conclusão é fácil. Nós que andamos de ônibus, necessitamos de medicamentos em postos de saúde e escolas para nossos filhos, sofremos porque eles não conhecem isto. Este fel diário eles não bebem.

Encontramos as estradas esburacadas e pedágios altíssimos enquanto eles estão, literalmente, nos ares.

Desta forma todos eles nunca entenderão as mensagens das ruas escritas em cartolinas. Sempre chamarão de baderneiros, vândalos e criminosos quem legitimamente exigir mudanças.

GILBERTO PESSOA, em 18/08/2013 às 21:24h

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