terça-feira, 13 de setembro de 2011

Pais devem observar projeto pedagógico das escolas

ENEM EM QUESTÃO


Camila Soares
Divulgado todos os anos pelo Ministério da Educação (MEC), o resultado do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) faz com que as escolas sejam classificadas em um ranking, que passou a ser considerado critério de avaliação na hora de escolher a melhor instituição de ensino. De acordo com o professor e consultor educacional Evaldo Colombini Miranda, se adotarmos um único critério para a análise (melhores médias em provas como o Enem, por exemplo), corremos o risco de não considerarmos escolas que têm propostas de ensino mais diversificadas, priorizando valores, trabalhando com turmas heterogêneas e cujas ações contribuem para a formação de indivíduos autônomos. Essas escolas podem não ser "campeãs do Enem".
Veja onde estão as 50 melhores e piores colocadas no Enem
O professor aconselha, na hora de escolher a escola dos filhos, que, além do resultado do Enem, os pais devem observar o projeto pedagógico e o desempenho do exame nos últimos três anos, analisar a equipe docente e, acima de tudo, refletir se a proposta da escola atende à sua expectativa de formação em relação a seu filho.
É importante, mesmo havendo questionamentos, de se produzir indicadores de qualidade do ensino oferecido pelas nossas escolas, mas a redução de critérios pode fazer com que propostas de ensino mais ricas e diversificadas deixem de ser reconhecidas como de qualidade. "É melhor esse tipo de avalição do que inexistir uma avaliação. Elas servem para escancarar determinadas situações", diz o consultor. É útil para a sociedade que fique claro o nível apresentado pelas escolas públicas para que haja uma cobrança da sociedade em cima das autoridades.
O consultor alerta também para outro dado importante, comparar escolas que inscreveram poucos alunos na prova Enem (algumas apenas 12, 15 alunos), mesmo com ótimos resultados, com outras que tiveram um número maior de estudantes participantes (50 alunos ou mais) - e que eventualmente obtiveram um desempenho menos significativo, pode não ser correto.
A partir deste ano, o Inep adotou uma nova sistemática de divulgação desses dados. As escolas foram divididas em 4 grupos conforme a taxa de participação no exame. Para o professor, frisar o número de alunos participantes é muito importante. A divisão em grupos também deixou o processo de avaliação mais justo. "Quando sai o ranking há todo um 'rebuliço' no mercado, as escolas acabam sendo beneficiadas ou prejudicas pelo desempenho dos seus alunos", diz Miranda.
Participaram das provas mais de 3,2 milhões de estudantes, dos quais, 1 milhão de concluintes do ensino médio regular. Os resultados são calculados a partir do desempenho dos alunos concluintes.

Enem por escola
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) divulgou nesta segunda as médias das escolas no Enem 2010, de acordo com o número de participantes. No grupo 1, ficaram as escolas (17,8% do total) que tiveram taxa de presença a partir de 75% dos alunos. No 2, aquelas (20,9%) que tiveram média de alunos participantes entre 50% e 74%. No grupo 3, entraram as instituições (33% das escolas) que tiveram participação de 25% a 49% dos estudantes. E no grupo 4, foram listados os colégios (27,4%) com participação de 2% a 24% dos inscritos.
Nesse novo quadro, o colégio privado São Bento, do Rio de Janeiro, foi o que obteve a melhor média entre as escolas do grupo 1. Entre as instituições públicas, o Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Viçosa, o Coluni, foi o único a aparecer entre as 10 primeiras. No grupo 2, o colégio Santo Inácio, privado e também do Rio de Janeiro, ficou com a melhor colocação. As escolas particulares, aliás, ocupam todas as primeiras 15 posições. Nesse grupo, o pior desempenho ficou com o Centro de Ensino Ardalião Américo Pires, do povoado de Três Lagoas do Manduca, zona rural do Maranhão.
O grupo 3 foi o único em que a primeira colocação foi ocupada por uma escola pública. A melhor colocação, neste caso, foi da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Já o último lugar, da escola indígena Dom Pedro I, do Amazonas. Entre as escolas com menos de 25% de participação, a líder vem do Estado de São Paulo. O COC, unidade Álvares Cabral, obteve a melhor colocação. Em último lugar ficou o Colégio Estadual Agrovila 08, da Bahia. Novamente, as escolas particulares foram a maioria entre as primeiras colocadas. No top 10, somente uma escola é pública: o Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Goiás - campus Goiânia.

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